Ó metade de mim... ou parte de mim... Antes eu me imaginava um todo compacto – como a carne que abriga meus ossos: sólida, grande, consistente.
Nos passos do tempo que há pouco passou, avistei nova figura – algumas vezes diáfana, outras, espessa e intensa.
Hoje, entendo que sou um Todo que abarca muitas partes. Não há somente uma e outra metade. Há segmentos, resquícios, máculas, trilhas, caminhos, desvãos. E meu Todo, algumas vezes, se divide, se espelha em multifacetas.
Da parte, me torno Inteira e me inteiro novamente de todas as pequenas partes que me completam.
Me tomo e me assumo, assim. Muitas em uma: doce, firme, emotiva, contundente, incerta, risonha, decidida.
De tudo, só não me agradam essas aparas como restos secos de velhos brotos – não floridos – que compõem arestas agudas que, vez por outra, me cutucam na alma, me expõem feridas.
Então, me reúno, me questiono, me dôo e me curo: aos poucos, esses calos – aparas mortas – se soltam e se decompõem para germinar vida a outra parte.
E me recomponho mais forte, mais viva, mais rica. Experiência.
Que eu dê morte digna a tudo que deve deixar de existir em mim para dar espaço e vida, com alegria, a tudo que precisa nascer e crescer dentro de mim.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
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