segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Para Li Po

Desce o sol ao oeste e a poeira levantada por cascos de cavalos,
à distância, lembra-me de ti.
Por quais estradas perambulas, meu amigo?
Ah, segues levado sempre pelo capricho dos passos
e o mundo é tua morada…
Diga-me, aventureiro, não te cansas de andar sem rumo?
Não há horas em que tua alma implora pela volta aos velhos vales,
Onde as colinas são amigas e o vinho, sempre companheiro?
O que buscas em tuas andanças, espadachim vagabundo?

A brisa que balança os galhos dos salgueiros sussurra levemente
E me confidencia que procuras o berço da amada Selene
para repousar, então, o descanso infinito em seus braços.

Mas porque percorres grandes distâncias em busca daquela que, aqui,
toda noite vem te visitar e chora tua ausência?
Toda noite aqui está ela, perdida num sem fim de pontos luminosos,
esperando a tua chegada.
Serão diferentes as luas que banham de luz tuas trilhas, agora desconhecidas?
Ou caminhas tanto por mágoa de nunca poder possuir plenamente a bela dama noturna – a Lua – tua amante mais fiel?
Quisera eu que tivesses te esquecido dela e, cansado do tédio da vida, andasses apenas por prazer…
Mesmo que longe, saibas que teus amigos não te esqueceram e,
ao cair de toda noite,
Eu, a Lua e uma garrafa de doce vinho sempre te esperamos.
(Mesmo sabendo-o impossível…)

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