segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Corpo da ausência


Já não me sei há horas. Desconstruo as cercas e arames que me prendem a casa.
Meu sono é inquieto, pois teu olhar é desvelo sobre mim.
Sorrisos em tiras de lembranças, arquivos cheios de bytes e saudade.
Minha casa não é mais só concreto. Há agora sonho e sentimento – algodão rarefeito. 
A ausência densa toma forma na memória – imagem terna e profunda: teu corpo.
Arranjo muitas formas de não me dizer a verdade. Falo muito sem nada dizer.
O riso é puro disfarce.
Meu desejo alicerça halos de ternura em tua volta, mas minha incerteza – boca muda, coração latejante – conjuga equívocos em teu ouvido.

Ausência. Distância. Horas e quilômetros e circunstâncias não conseguem me afastar de ti.
Ainda permaneço assim. Anseio e luz. Medo e desejo. Há coisas que simplesmente não se pode dizer...
Entenda-me e apropria-te! Assume teu lugar. Toma teu assento.
Enquanto não te apoderas do que é teu, meu coração vibra de ruído.

Um comentário:

  1. Linda reflexão...quisera eu preencher essa ausência...muito bom, de fazer vibrar de ruído...Anônimo (melhor assim)

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